25_EXPO_CANÇÃO CONTEMPORÂNEA- OBRAS DE COLEÇÃO DE MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA
30 MAIO DAS 18:00 ÀS 00:00; 31 MAIO DAS 08:00 ÀS 00:00 E 01 DE JUNHO DAS 08:00 ÀS 22:00
Exposição
Ala Siza

CANÇÃO CONTEMPORÂNEA

OBRAS DE COLEÇÃO DE MÁRIO TEIXEIRA DA SILVA

Canção Contemporânea é o título da exposição dedicada à primeira apresentação em Serralves da coleção de arte contemporânea criada pelo galerista e colecionador Mário Teixeira da Silva (Porto, 1947—2023, Lisboa), recentemente depositada na Coleção de Serralves.

 

Iniciada na década de 1970 e pautada pelo seu gosto pessoal, a Coleção reflete com clareza o modo de trabalho rigoroso e orgânico de Mário Teixeira da Silva e vai muito além da simples reunião de um conjunto de obras de arte. Os anos 1970 marcaram igualmente o início da atividade profissional de Mário Teixeira da Silva, oscilando entre o trabalho que desenvolveu como museólogo, contribuindo para a organização de exposições no Centro de Arte Contemporânea do Museu Nacional Soares dos Reis, e o seu próprio projeto galerístico, a que deu o nome Módulo — Centro Difusor de Arte. Apesar do cruzamento óbvio de várias áreas de interesse na arte contemporânea, Mário Teixeira da Silva conseguiu sempre separar o papel de galerista do de colecionador, adquirindo obras que não estariam necessariamente no seu programa para o Módulo.

 

Inaugurado em pleno momento pós-revolucionário, em maio de 1975, o Módulo — Centro Difusor de Arte propôs-se como um espaço onde seria possível conjugar a atividade comercial com um programa de vertente cultural, pedagógica e de partilha. O objetivo era contribuir para a criação de uma comunidade mais esclarecida e conhecedora das tendências contemporâneas do contexto artístico, tanto nacional como internacional.


Na perspetiva de Mário Teixeira da Silva, a obra de arte deveria promover a reflexão e a investigação por parte do usufruidor. Analisada nos seus mais diversos aspetos, permitiria a construção de uma visão abrangente sobre as obras e os seus criadores. É nesse contexto que se pode assumir que o colecionador se revê no processo de criação de muitos artistas representados na sua coleção, nomeadamente no caso paradigmático da obra Contemporary Song [Canção contemporânea] (1984), de Franz Erhard Walther (1939, Fulda, Alemanha), que dá título a esta mostra.


A prática artística de Franz Erhard Walther sempre privilegiou a natureza processual na criação da obra, tratando-a não como um simples objeto ou imagem, mas como um sistema aberto de interação com o espectador, ativando assim todos os sentidos que se vão manifestando através do tempo, do espaço, da linguagem e da ação. Numa entrevista de 1993 a Alexandre Melo, o artista afirmou: “Desde os meus trabalhos dos anos 1960 que coloco a questão básica de saber o que é uma obra de arte. As peças que eu produzia então serviam sobretudo como instrumentos, o processo de utilização das peças é que permitia produzir a verdadeira obra. As peças eram um convite à participação ativa. É o espectador que, ao intervir, define a obra e não lhe é possível remeter-se à posição de mero observador.”[1]


A seleção de obras da Coleção Mário Teixeira da Silva agora apresentada nas galerias da Ala Álvaro Siza pretende refletir sobre a amplitude da ação desenvolvida ao longo de cinco décadas por Mário Teixeira da Silva. A fotografia foi o meio de expressão privilegiado pelo colecionador. No entanto, o seu âmbito é claramente multidisciplinar, expandindo-se em paralelo com outros meios — incluindo a pintura, a escultura, o desenho e a obra gráfica. Assinale-se também o interesse demonstrado em décadas mais recentes por outras áreas, como a arte tribal africana e a pintura oitocentista e modernista. [2] 


A presença na entrada da exposição da escultura Chantier II [Estaleiro II] (1992) do artista belga Wim Delvoye (1965, Wervik, Bélgica) remete-nos poeticamente através da imagem de um local em construção, um estaleiro, para as circunstâncias em que a coleção de Mário Teixeira da Silva se encontrava em janeiro de 2023, data em que o colecionador nos deixou: uma curiosidade insaciável, um alargamento do seu espectro cronológico e geográfico e um constante apuramento, tanto colmatando lacunas, como consolidando presenças estruturantes na sua Coleção.


A exposição reúne cerca de 210 obras de aproximadamente 116 artistas portugueses e estrangeiros: Canção Contemporânea pode comparar-se a uma partitura musical aberta onde a notação se fixa mediante o olhar do observador.


Organizada pela Fundação Serralves — Museu de Arte Contemporânea, a exposição inclui obras da Coleção Teixeira da Silva, em depósito na Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, e tem curadoria de Marta Moreira de Almeida, diretora-adjunta do Museu.


Alterações no programa de exposições de 2025 provocaram alguns ajustes no calendário. Assim, a exposição Canção Contemporânea. Obras da Coleção Mário Teixeira da Silva na Coleção de Serralves, na Ala Álvaro Siza, foi prolongada até 29 de junho no Piso 2, com a exceção das salas do Piso 1 que tiveram de ser encerradas no passado dia 27 de abril. Por este motivo, as obras dos artistas Bernd & Hilla Becher, Miguel Rio Branco, Elina Brotherus, António Júlio Duarte, Candida Höfer, Andreas Gursky, Axel Hütte, Carlos Lobo, Tito Mouraz, Thomas Ruff, Augusto Alves da Silva, Wolfgang Tillmans e James Welling já não se encontram em exposição.


[1] Alexandre Melo, “Novas configurações”, in Expresso, 23 de outubro 1993.

[2] Outras obras da Coleção Teixeira da Silva, em depósito na Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, podem ser vistas na exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.

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