Type
Duração: 1 Hora
Faixa etária: M/6
Lotação: 250 pessoas
Vera Mantero, Elizabete Francisca, Mariana Tengner Barros e os convidados Luís Guerra, João dos Santos Martins, Bruno Senune, Santiago Tricot, João Bento, Pedro Melo Alves e Carlota Lagido
Encontramos frequentemente a improvisação em situação de espectáculo na área da música, o que não acontece com a mesma frequência na área da dança e da performance. No entanto, há toda uma história da improvisação que tem vindo a acontecer na área da dança nas últimas décadas. Não só em situação de ensaio (com vista à criação de materiais de composição) mas também, e é sobre esta vertente que nos debruçamos, trabalhada enquanto espectáculo em si, enquanto forma de espectáculo apresentado ao público.
Esta história (quase paralela, dir-se-ia) tem decorrido de forma contínua em vários países da Europa e nos EUA, mas teve também em Portugal várias iniciativas em curso nas últimas décadas, assim como a presença de elementos da comunidade portuguesa de dança contemporânea nessa história vivida noutros países. É fundamental que essa história prossiga no nosso país e que sejam criados projectos para que isso seja possível. Projectos em que bailarinos, músicos, iluminadores, cenógrafos e figurinistas se reúnem para trabalhar em composição instantânea, para reflectirem sobre esse fenómeno que é ter já o público à espera na sala antes ainda de conhecerem a partitura ou a coreografia daquela noite. Para criarem um espectáculo no exacto momento em que este se desenrola perante os olhos de quem assiste, interagindo e conhecendo-se já em cena, dialogando não verbalmente e utilizando lógicas e associações diferentes daquelas que normalmente regem a nossa forma de conhecer, percepcionar e dialogar. Finalmente, dando ao público a oportunidade de assistir a esse momento de decisão, de escolha e de pensamento permanente.
“… o estado de consciência do improvisador é fundamentalmente diferente da do intérprete. Este conhece perfeitamente o seu papel e a partitura do todo antes de entrar em cena, enquanto que num espectáculo improvisado o performer é ao mesmo tempo intérprete, compositor ou coreógrafo, e membro de um grupo que, em conjunto, vai criar um evento único que os ultrapassa a todos. Da mesma maneira, o olhar do espectador situa-se de uma forma diferente, pois o interesse do espectáculo improvisado reside menos a nível da construção coreográfica e da composição e mais a nível do jogo de relações e através das escolhas dos intervenientes que tecem uma trama cujo desenvolvimento pode ser transformado a cada instante por cada um. Dito de outra forma, o espectador ouve e olha activamente um processo mais do que um objecto, é convidado a partilhar os riscos e os prazeres de ver nascer (e logo desaparecer) formas, histórias e instantes únicos e efémeros”. Mark Tompkins
AQUI, AGORA NESTE MOMENTO
A improvisação em espectáculo é uma prática que acreditamos fundamental na área das artes do espectáculo. Elizabete Francisca, Mariana Tengner e Vera Mantero, que constituem o núcleo orientador deste projecto, são improvisadoras experimentadas que pretendem aprofundar essa experiência e que, neste projecto em particular, pretendem fazê-lo num quadro de pluridisciplinaridade, não só pela prática da improvisação em espectáculo e sua pedagogia como pela sua análise teórica, promovendo o pensamento e o debate.
Pretende-se não só proporcionar a fruição desta forma específica de criação instantânea como dá-la a conhecer às gerações mais novas, que eventualmente não terão tido ainda a oportunidade de experienciar esta forma de criação, como espectadoras e também como protagonistas dessa mesma criação, promovendo o desenvolvimento de uma prática regular da improvisação em espectáculo no nosso país.
De salientar que existe uma diferença no modo de produção de um espectáculo improvisado em relação a um espectáculo construído de modo tradicional. É importante apreciar e valorizar a leveza da produção e a construção de um espectáculo nestes moldes, a fluidez na forma de organização e apresentação, num quadro de produção nacional e europeia que tende essencialmente a tornar-se pesado, rígido e institucionalizado e consequentemente sujeito a inconvenientes a nível artístico e interpessoal.
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